Guardar o Sábado, a Prática da Lei e o Preterismo

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A guarda do sábado tem sido um tema de debate entre cristãos e estudiosos da Bíblia ao longo dos séculos. Muitos acreditam que, com a vinda de Jesus Cristo, houve uma mudança significativa na forma como as leis mosaicas deveriam ser entendidas e aplicadas. Neste artigo, pretendo explorar o conceito de cumprimento do sábado e o que isso representa para os cristãos na interpretação preterista.

A Origem da Guarda do Sábado

Para começar, precisamos entender o que a guarda do sábado significava originalmente. No Antigo Testamento, o sábado era um dia sagrado dedicado ao descanso, conforme estabelecido na Lei Mosaica. “Lembra-te do dia de sábado, para o santificar”, dizia o quarto mandamento. Ele foi um símbolo de aliança entre Deus e o povo de Israel, um dia em que toda a criação deveria cessar suas atividades.

Porém, com a chegada de Jesus, algo mudou. Jesus, ao longo de sua vida, cumpriu todos os preceitos da lei judaica, incluindo a guarda do sábado. Não veio para abolir a lei, mas para cumpri-la, conforme está escrito no Evangelho de Mateus, capítulo 5, versículos 17 e 18. Essa passagem deixa claro que a intenção de Jesus não era destruir o que havia sido ensinado, mas completar o seu significado.

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A Mudança de Paradigma no Primeiro Dia da Semana

Quando Jesus ressuscitou no primeiro dia da semana, alguns cristãos interpretaram este evento como um novo início, um marco de uma nova aliança. Isso é crucial, pois demonstra uma mudança de paradigma na maneira como os cristãos primitivos começaram a entender o dia de descanso. Em vez de manter o sábado judaico como o único dia sagrado, eles começaram a se reunir no domingo para celebrar a ressurreição de Cristo.

Além disso, a destruição de Jerusalém em 70 d.C. marcou um ponto crucial na história. Nós preteristas vemos este evento como o cumprimento das profecias de Jesus sobre o fim da antiga aliança. Com a queda de Jerusalém, as prescrições da lei mosaica, incluindo o sábado, foram vistas como cumpridas. A partir daí, a observância literal do sábado como um requisito obrigatório tornou-se desnecessária para a nova comunidade cristã.

A Nova Ênfase: Do Literal ao Espiritual

Assim, a ênfase foi transferida do cumprimento literal da lei para uma compreensão mais espiritual. “Ninguém vos julgue por causa de comida, bebida, dia de festa, lua nova ou sábados”, escreveu Paulo em sua carta aos Colossenses. Para ele, o foco estava na fé e na graça, e não em observar dias específicos. Isso trouxe uma nova liberdade para os cristãos em sua prática de fé.

No entanto, o debate continua até hoje. Muitas denominações cristãs, como os Adventistas do Sétimo Dia, ainda veem a guarda do sábado como um mandamento divino que deve ser observado. Para eles, o sábado permanece como um dia de descanso inquebrável, dado por Deus, que não foi substituído por nenhum outro dia.

A Perspectiva da Nova Aliança

Por outro lado, muitos de nós acreditamos que Jesus cumpriu plenamente a lei, incluindo a observância do sábado. Acreditamos que não há mais a necessidade de um dia específico de descanso como condição para salvação. Em vez disso, cada dia pode ser vivido em devoção e adoração a Deus.

Para aqueles que defendem a observância do domingo como dia de descanso, o argumento é que esse dia foi santificado por ser o dia da ressurreição de Cristo. O imperador Constantino, em 321 d.C., declarou o domingo como um dia de descanso oficial no Império Romano. Essa decisão, embora política, foi vista como uma confirmação da prática que já era comum entre os cristãos.

Domingo: Substituto ou Oportunidade?

Mesmo assim, é fundamental entender que nem todos os cristãos consideram o domingo como um substituto direto do sábado judaico. Em vez disso, o domingo é visto como uma oportunidade de reunir a comunidade, celebrar a ressurreição de Cristo e refletir sobre os ensinamentos dele.

Para mim, esta questão vai além de dias e tradições. O importante é entender que, na nova aliança, o nosso descanso é espiritual. Jesus nos convida a encontrarmos descanso nele todos os dias. “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos darei descanso”, disse ele. O foco, portanto, é a fé e a relação com Deus.

Liberdade de Escolha na Adoração

É claro que muitos podem discordar dessa visão. Alguns acreditam firmemente que um dia específico de descanso é necessário para honrar a Deus. E, de fato, não há nada de errado em dedicar um dia especial para a adoração. A questão é se isso deve ser imposto a todos os cristãos ou se cada um deve ter a liberdade de escolher como, quando e onde adorar.

Neste ponto, entramos em uma área cinzenta. Como cristãos, somos chamados a viver em amor e respeito uns pelos outros, mesmo quando não concordamos em tudo. Essa é a beleza da comunidade cristã: a unidade na diversidade. Podemos aprender uns com os outros, crescer juntos e fortalecer a nossa fé.

O Foco em Jesus Cristo

No final das contas, o mais importante é manter o foco em Jesus Cristo. Ele é o autor e consumador da nossa fé. Ele cumpriu toda a lei e, por meio dele, temos acesso direto ao Pai. O sábado, o domingo ou qualquer outro dia podem ser oportunidades para nos aproximarmos de Deus.

Concluindo, a guarda do sábado como um mandamento obrigatório foi cumprida em Cristo. O que resta para nós é viver em liberdade, guiados pelo Espírito Santo, sabendo que nosso verdadeiro descanso está em Deus. Que possamos, a cada dia, buscar esse descanso espiritual, independentemente do calendário.

Um Convite para Todos

Este é o chamado para cada um de nós: viver na graça, na fé, e na liberdade que Cristo nos deu. É um convite para aprofundarmos a nossa relação com Deus e encontrarmos nele o verdadeiro descanso.

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