Os Escolhidos Já Foram Juntados, Você Não Viu?

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O estudo escatológico tem sido objeto de intenso debate teológico ao longo dos séculos. Dentro desse campo, o preterismo completo se destaca por sua interpretação de que todas as profecias escatológicas bíblicas foram cumpridas no primeiro século. Este artigo se baseia em uma análise crítica às tradições futuristas e preteristas parciais e a interpretação do termo “reunir” em Mateus 24:29-31.

E, logo depois da aflição daqueles dias, o sol escurecerá, e a lua não dará a sua luz, e as estrelas cairão do céu, e as potências dos céus serão abaladas. Então aparecerá no céu o sinal do Filho do homem; e todas as tribos da terra se lamentarão, e verão o Filho do homem, vindo sobre as nuvens do céu, com poder e grande glória. E ele enviará os seus anjos com rijo clamor de trombeta, os quais ajuntarão os seus escolhidos desde os quatro ventos, de uma à outra extremidade dos céus.

O preterismo completo propõe que todas as profecias bíblicas, incluindo aquelas relacionadas ao fim dos tempos, foram cumpridas com a queda de Jerusalém em 70 d.C. Essa perspectiva contrasta fortemente com a visão futurista, que espera o cumprimento futuro dessas profecias, e com o preterismo parcial, que admite um cumprimento parcial no passado, mas espera eventos escatológicos adicionais no futuro.

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As tradições futuristas interpretam Mateus 24:29-31 como uma promessa de eventos ainda por acontecer. Eles aguardam ansiosamente o retorno de Jesus nas nuvens do céu, acompanhado por anjos, para reunir os eleitos dos quatro cantos da terra. Essa visão perpetua uma expectativa constante de um arrebatamento iminente e um juízo final, alimentando medo e incerteza entre os fiéis.

Por outro lado, os preteristas parciais concordam que muitos eventos profetizados em Mateus 24 se cumpriram com a destruição de Jerusalém. No entanto, eles fazem uma distinção ao afirmar que o ajuntamento dos eleitos ainda está em andamento. Eles veem esse processo como uma contínua expansão do reino de Deus através da pregação do evangelho, culminando em um futuro retorno de Cristo.

Ambas as interpretações, futurista e preterista parcial, são criticadas pelo preterismo completo por falharem em reconhecer o cumprimento total das profecias escatológicas no primeiro século. O preterismo completo argumenta que essas visões perpetuam uma interpretação incorreta e incompleta das escrituras, mantendo os crentes em um estado de expectativa contínua por eventos que já ocorreram.

No contexto de Mateus 24:29-31, o termo “reunir” é particularmente significativo. A palavra grega “episynagō”, traduzida como “reunir”, é frequentemente usada na Bíblia para descrever a atividade agrícola de colheita, simbolizando a reunião dos eleitos. Essa metáfora agrícola é consistente com o ensino de Jesus sobre o fim dos tempos, onde ele compara o juízo final à colheita.

A interpretação preterista completa sustenta que essa “reunião” dos eleitos ocorreu durante a destruição de Jerusalém. Nesse evento, Jesus, como o Filho do Homem, veio nas nuvens do céu em juízo contra a cidade apóstata, cumprindo as profecias de Daniel e outras passagens do Antigo Testamento. Os anjos, como mensageiros de Deus, participaram desse processo, reunindo os eleitos de todas as nações.

Essa visão é corroborada por outras passagens bíblicas. Por exemplo, em Mateus 13:47-50, Jesus compara o reino dos céus a uma rede de pesca que apanha peixes bons e ruins, os quais são separados no fim dos tempos. Da mesma forma, em Mateus 25:31-32, Jesus descreve a separação das ovelhas dos cabritos no juízo final, um evento que o preterismo completo vê como já cumprido.

A palavra “aion”, frequentemente traduzida como “mundo” ou “era”, também é crucial nessa interpretação. O preterismo completo argumenta que o termo se refere ao fim da era judaica e não ao fim do mundo físico. Portanto, a “reunião” dos eleitos em Mateus 24:31 deve ser entendida como o fim da antiga aliança e a plena manifestação do reino de Deus.

Ao rejeitar as interpretações futuristas e preteristas parciais, o preterismo completo enfatiza a realização plena e final das promessas escatológicas de Deus. Essa perspectiva oferece uma compreensão mais coerente e histórica das escrituras, liberando os crentes da expectativa de eventos futuros e permitindo-lhes viver plenamente na realidade do reino de Deus já presente.

Essa abordagem tem implicações significativas para a teologia e a prática cristã. Ao reconhecer que todas as promessas de Deus foram cumpridas, os crentes podem experimentar uma maior segurança e paz em sua fé. Eles podem focar na aplicação prática dos ensinamentos de Jesus em suas vidas diárias, sabendo que já vivem no cumprimento das promessas divinas.

Além disso, essa interpretação desafia os líderes religiosos a reavaliar suas doutrinas e ensinamentos. A perpetuação de uma escatologia futurista ou parcial pode ser vista como uma forma de controle e manipulação, mantendo os fiéis em um estado de dependência e medo. O preterismo completo, ao contrário, promove uma fé madura e independente, baseada na verdade completa das escrituras.

Em conclusão, o preterismo completo oferece uma visão escatológica que se alinha com o cumprimento histórico das profecias bíblicas. Ao criticar as tradições futuristas e preteristas parciais e ao interpretar corretamente o termo “reunir” em Mateus 24:29-31, essa perspectiva proporciona uma compreensão mais profunda e libertadora das escrituras. Convida os crentes a viverem plenamente na realidade do reino de Deus, já presente e ativo, libertando-os das expectativas de eventos futuros e promovendo uma fé robusta e fundamentada na verdade bíblica.

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