O Que Significa a Transição Entre a Antiga e a Nova Aliança?

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A transição entre a antiga e a nova aliança é um dos temas mais profundos e transformadores abordados nas Escrituras. Este período, especialmente para os preteristas completos, inicia-se com o ministério de Jesus Cristo e culmina com a destruição do Templo em Jerusalém, por volta do ano 70 d.C. Tal transição não se resume apenas a um marco histórico; ela traz profundas implicações espirituais e redefine as relações entre Deus e a humanidade.

O Contexto Histórico e Profético da Transição

Essa transição se estende ao longo de aproximadamente 40 anos, um período que simboliza uma geração e que Jesus referenciou em várias ocasiões. Para os seguidores de Jesus e os autores do Novo Testamento, esse intervalo representava o “fim dos tempos” da antiga aliança (Mateus 24:2). Eles testemunharam a queda de Jerusalém e a destruição do Templo, que simbolizava o fim da antiga ordem religiosa e o início de uma nova era. A guerra judaico-romana, que culminou com a destruição de Jerusalém, é vista como um julgamento divino sobre a velha aliança, e um dos eventos mais impactantes foi o fim dos sacrifícios e rituais que ali eram praticados.

Esse acontecimento representa o estabelecimento do reino eterno de Deus, ao contrário das interpretações religiosas que esperam um fim dos tempos ainda por vir. A antiga aliança, então, é encerrada para dar lugar a uma nova ordem, espiritual e universal.

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A Antiga Aliança: Ritos e Promessas Futuras

O Antigo Testamento mostra um relacionamento entre Deus e o povo de Israel baseado em promessas, leis e rituais. Esta aliança era marcada pela observância da Lei de Moisés e pelos sacrifícios realizados no Templo. No entanto, ela também continha promessas futuras que, segundo a visão preterista completa, foram cumpridas em Jesus Cristo.

As Escrituras estão repletas de referências à natureza temporária e imperfeita da antiga aliança. Em Hebreus 8:13, lemos que “o que se considera velho envelhece e está prestes a desaparecer,” sugerindo que, mesmo enquanto o Templo permanecia em pé, a antiga aliança estava destinada ao fim. Em Hebreus 8:5, é dito que o Templo e a Lei eram apenas sombras das coisas celestiais.

A Nova Aliança: Um Reino Espiritual e Interno

Com a vinda de Jesus, um novo tipo de aliança foi estabelecido. Ele pregou que o reino de Deus não viria “de maneira visível” (João 18:36) e que seria espiritual, internalizado no coração e na mente dos seguidores. Em Mateus 4:17, Jesus declarou: “Arrependam-se, pois o reino dos céus está próximo.” Esse reino, contudo, não seria um domínio físico, mas uma realidade espiritual.

Durante a Última Ceia, Jesus simboliza o início dessa nova aliança ao oferecer o pão e o vinho como seu corpo e sangue, um gesto que representa seu sacrifício final e o estabelecimento de uma nova relação com Deus. Essa nova aliança é descrita em Hebreus 7:22 como superior, e em Hebreus 8:6 é chamada de ministério superior ao de Moisés. A partir da cruz, o perdão dos pecados não seria mais mediado pelo Templo, mas pela fé em Cristo.

Diferenças na Interpretação da Transição: Preterismo Completo e Futurismo

É importante notar que a interpretação preterista completa diverge de outras visões teológicas, especialmente a futurista, que continua a esperar uma segunda vinda física de Cristo e um julgamento final para a humanidade. No entanto, para os preteristas, o retorno de Cristo já foi consumado no primeiro século, com o julgamento representado pela destruição de Jerusalém e do Templo. Eles acreditam que o reino de Deus já foi estabelecido plenamente e que estamos vivendo nos “tempos eternos”.

Essa visão baseia-se em passagens como Lucas 17:20-21, onde Jesus diz que o “reino de Deus está entre vocês,” indicando uma presença espiritual já em andamento. Esse entendimento diverge da leitura futurista, que associa todos os eventos apocalípticos a um tempo futuro e enfatiza a expectativa de um reino visível.

O Papel dos Ritos Judaicos e a Expiração da Lei

Um dos principais sinais da transição entre as alianças foi o fim dos ritos judaicos tradicionais e a substituição dos sacrifícios diários pelo sacrifício único de Jesus. Quando o véu do Templo se rasgou na morte de Cristo, simbolizou-se o acesso direto a Deus sem a necessidade dos rituais do Templo (Hebreus 10:1). Essa mudança é vista como uma passagem da velha ordem para a nova, onde a relação com Deus se torna pessoal e não dependente de mediadores.

A partir de então, o “templo” passou a ser o próprio corpo de Cristo e, em última análise, a comunidade dos crentes (Efésios 2:22). Este novo entendimento do templo e da lei coloca a ênfase na fé e na graça, como declarado em Hebreus 9:11-25, onde Cristo é descrito como o “sumo sacerdote dos bens futuros.”

Conclusão: A Transição como Uma Realidade Espiritual Estabelecida

Na perspectiva preterista completa, a transição entre a antiga e a nova aliança já se realizou e o reino de Deus está plenamente estabelecido. Para aqueles que vivem hoje, segundo essa visão, não há mais uma espera por uma “segunda vinda” ou um “juízo final,” pois tais eventos foram interpretados como já cumpridos na era apostólica. A mensagem de Jesus, sua vida, morte e ressurreição e o impacto da destruição do Templo simbolizam o cumprimento das promessas antigas.

Assim, essa transição significa o fim de uma era de promessas e rituais e o início de uma nova relação direta e espiritual com Deus, um reino presente e acessível a todos que creem. Tal compreensão não apenas esclarece o papel da Lei e do Templo, mas revela o profundo significado da nova aliança: uma conexão viva, espiritual e eterna com o Criador.

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