Era uma manhã de domingo, o céu estava limpo e o vento soprava suavemente. Eu me sentei em um banco à sombra de uma árvore no parque, com a Bíblia em mãos, refletindo sobre a palavra de Deus e como ela se entrelaça com o propósito divino nas Escrituras. Naquele momento, veio à minha mente a importância de compreender os tempos proféticos e como Jesus, em sua sabedoria, aplicou os antigos textos de Moisés ao seu ministério e eschatologia. Tal compreensão traz clareza ao que vivemos hoje e, mais importante, ao que foi dito sobre o “tempo designado”, ou **kairos**, que permeia tanto o Antigo quanto o Novo Testamento.
O Tempo Designado em Deuteronômio
Deuteronômio 32:35 menciona um tempo “kairos”, ou seja, um momento específico e designado por Deus. Moisés profetizou que haveria um momento de julgamento para Israel, identificado como o tempo do fim para uma geração perversa e má. Esse conceito de um tempo específico e predeterminado foi retomado por Jesus em sua eschatologia, como vemos em Marcos 1:15: “O tempo está cumprido, e o Reino de Deus está próximo; arrependei-vos e crede no evangelho”. Aqui, Jesus faz referência direta ao que havia sido predito séculos antes, sugerindo que o cumprimento das profecias antigas estava acontecendo em seu próprio tempo.
O Apocalipse de Pedro, Uma Escatologia Consumada
Céus e Terra se Queimando é um estudo aprofundado da Bíblia, que desvenda os mistérios da Segunda Carta de Pedro, capítulo 3, versos 7 a 13. Ao contrário das interpretações tradicionais que pregam o fim do mundo e a destruição da Terra, esta obra oferece uma nova perspectiva, explorando o contexto histórico e cultural em que a carta foi escrita. Descubra como os eventos descritos por Pedro se relacionam com a destruição de Jerusalém em 70 d.C., e como a "vinda do Senhor" se refere à transição da antiga aliança para a nova era da graça. (134 págs.)
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Este vínculo entre o Antigo Testamento e as palavras de Jesus é essencial. Quando Jesus falava sobre o fim, ele não estava introduzindo uma nova profecia, mas sim retomando e cumprindo o que Moisés e os outros profetas haviam anunciado.
A Geração Perversa e Má
Em Deuteronômio 32:5 e 20, Moisés descreve Israel como uma “geração perversa e má”. Jesus ecoa essas palavras em Mateus 17:17, onde ele repreende sua audiência, chamando-os de “geração incrédula e perversa”. Essa correlação entre o Antigo Testamento e os eventos do Novo Testamento não é coincidência; Jesus estava claramente aplicando o conceito de uma geração perversa ao seu próprio tempo, sugerindo que seu público representava o fim dessa geração profética.
Esses versículos nos mostram a continuidade na história de salvação e julgamento de Deus. A geração que rejeita a verdade e se afasta dos mandamentos de Deus é aquela que enfrenta o julgamento final. Jesus, portanto, não estava apenas anunciando um reino futuro, mas o cumprimento de uma era que estava prestes a chegar ao fim.
As 70 Semanas de Daniel e a Vinda do Reino
A profecia das 70 semanas de Daniel (Daniel 9:26-27) também desempenha um papel importante na compreensão desse tempo designado. Em Daniel, lemos sobre a destruição de Jerusalém e a consumação de um tempo profético. Jesus, ao citar a destruição iminente de Jerusalém em Lucas 21:20-22, está reiterando esse mesmo ciclo de julgamento. O tempo do fim não era algo distante, mas algo que estava prestes a ocorrer na vida daqueles que o ouviam.
Esse conceito de proximidade é reforçado quando Jesus afirma que a destruição de Jerusalém seria o sinal definitivo da chegada do Reino de Deus. O “kairos” de Daniel, portanto, não é um evento separado ou desconectado do ministério de Jesus, mas sim parte integrante de sua missão escatológica.
A Importância do Contexto e da Interpretação Profética
Muitos estudiosos e teólogos falharam em interpretar corretamente as palavras de Jesus e sua ligação com o Antigo Testamento. Quando Jesus menciona o fim dos tempos, ele está claramente se referindo ao fim da era do Antigo Pacto, não ao fim do mundo físico. A destruição de Jerusalém, como previsto em Lucas 19:41-44, era o cumprimento do julgamento de Israel e a transição para o novo Reino de Deus, um reino espiritual.
Por essa razão, é essencial que compreendamos os versículos em seu contexto apropriado. Jesus não estava profetizando sobre o fim dos tempos globais, mas sobre o fim do sistema judaico antigo. Isso se alinha perfeitamente com o que foi previsto em Deuteronômio 32 e Daniel 12, onde lemos sobre o tempo determinado para o fim de Israel e a vinda do Reino.
A Unidade dos Profetas e de Jesus
Ao considerar todas essas conexões, vemos como Jesus não apenas cumpriu as profecias do Antigo Testamento, mas também as aplicou com uma precisão surpreendente. Ele trouxe à luz o significado do “kairos” ao seu público, demonstrando que as profecias sobre o fim de Israel estavam se realizando diante de seus olhos. Em Mateus 16:27-28, Jesus afirma que alguns dos que estavam presentes não morreriam até ver o Filho do Homem vindo em seu Reino. Essa declaração reafirma que o tempo designado por Deus, tanto nas palavras de Moisés quanto nas de Daniel, estava ocorrendo durante a vida de Jesus.
Por fim, as palavras de Jesus em Lucas 21:8 sobre falsos profetas e enganos nos alertam para estarmos atentos aos sinais e não sermos confundidos. A conclusão inevitável, ao estudar estes versículos, é que o “kairos” de Deus, o tempo designado para o julgamento e o estabelecimento do Reino, já foi cumprido no primeiro século, conforme previsto por Moisés e reiterado por Jesus.