Vendo alguns vídeos pela internet, me deparei com uma interpretação comum que sugere que a Nova Aliança foi plenamente estabelecida na ressurreição de Jesus, desconsiderando o período de transição subsequente. Essa visão defende que a obra de Cristo na cruz e sua ressurreição bastaram para estabelecer a graça de forma imediata, sendo a destruição do templo em 70 d.C. apenas um ato de juízo final. Contudo, uma análise mais cuidadosa dos eventos bíblicos e proféticos indica que o estabelecimento da Nova Aliança foi um processo gradual, que culminou com a destruição do templo, encerrando o sistema mosaico e consolidando definitivamente a Nova Aliança.
O Período de Transição entre a Lei e a Graça
Ao contrário da ideia de que tudo foi consumado na ressurreição de Jesus, uma interpretação mais robusta nos mostra que houve um período de transição de 40 anos entre a Lei e a Graça, que começou com o ministério de Jesus e se encerrou com a queda de Jerusalém e a destruição do templo em 70 d.C. Esse período foi crucial para que a mensagem do Evangelho fosse pregada e compreendida pelos judeus e gentios.
Em Lucas 16:16, Jesus afirma: “A Lei e os Profetas vigoraram até João; desde então, é anunciado o Evangelho do Reino de Deus.” Isso indica que, embora o anúncio do Reino de Deus tenha começado com o ministério de Jesus, a Lei ainda estava em vigor durante esse período de transição. Ou seja, a ressurreição de Cristo inaugurou a Nova Aliança, mas o processo de transição entre a antiga e a nova ordem durou até a destruição do templo.
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O Estabelecimento Gradual do Reino de Deus
Outro ponto que frequentemente é ignorado na visão que sustenta a consumação total da Nova Aliança na ressurreição é a natureza gradual do Reino de Deus. Jesus deixou claro em várias ocasiões que o Reino não seria estabelecido de forma imediata e visível. Em João 18:36, ele afirmou: “Meu reino não é deste mundo; se fosse, os meus servos lutariam para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas agora o meu reino não é daqui.” Isso demonstra que o Reino de Deus não foi estabelecido como um evento físico e instantâneo, mas como uma realidade espiritual que seria plenamente consolidada ao longo do tempo.
A ideia de que o Reino foi gradualmente estabelecido também pode ser vista em Mateus 4:17, onde Jesus começa a anunciar: “Arrependei-vos, pois o reino dos céus está próximo.” Durante o ministério de Cristo, o Reino estava sendo introduzido, mas não plenamente estabelecido. A consumação final, que marcou o fim da Antiga Aliança e o pleno estabelecimento da Nova, ocorreu somente com a destruição do templo, quando os elementos físicos da Lei de Moisés foram abolidos definitivamente.
A Importância da Purificação Espiritual
A interpretação de que a Nova Aliança foi completamente estabelecida na ressurreição falha em considerar o processo de purificação espiritual que ocorreu durante esses 40 anos. Jesus, em várias de suas declarações, indicou que o Reino de Deus exigia um tempo de preparação e purificação. Em Mateus 6:10, ele ensinou seus discípulos a orar: “Venha o teu Reino; seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu.” O Reino de Deus já estava em curso, mas ainda havia eventos que precisavam ocorrer para que sua manifestação fosse completa, como a destruição do templo e o término da Antiga Aliança.
Essa ideia é reforçada em Filipenses 3:20, onde Paulo afirma: “Mas a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo.” Aqui, Paulo aponta que os crentes, embora já estivessem espiritualmente conectados ao Reino, ainda aguardavam a plenitude dessa realidade.
Conclusão
Portanto, ao contrário da visão que defende a consumação imediata da Nova Aliança na ressurreição de Jesus, uma análise mais abrangente das escrituras indica que o estabelecimento do Reino de Deus foi um processo gradual, culminando com a destruição do templo em 70 d.C. Durante esse período de 40 anos, houve uma transição clara entre a Lei e a Graça, que permitiu que o Evangelho fosse plenamente pregado e entendido.
A Nova Aliança foi, de fato, inaugurada pela ressurreição de Cristo, mas seu completo estabelecimento envolveu um processo de purificação e preparação, que só terminou com a queda de Jerusalém. Limitar o estabelecimento da Nova Aliança à ressurreição é negligenciar o plano progressivo e espiritual que Deus revelou nas escrituras, o qual culminou na completa abolição do sistema mosaico e na plena manifestação do Reino de Deus.
Veja meu vídeo onde falo do tempo de transição entre Lei e Graça