A ressurreição do último dia é um conceito profundamente enraizado nas Escrituras Sagradas e na história do povo de Israel. Para compreendê-la adequadamente, é essencial examinar tanto o contexto bíblico quanto histórico que moldou esta doutrina.
O Contexto Bíblico
A Bíblia, como muitos estudiosos apontam, não deve ser lida como um livro contemporâneo, mas como um texto que precisa ser interpretado à luz de seu contexto histórico e cultural. Isso se torna ainda mais evidente ao estudarmos a questão da ressurreição e do último dia. Deus escolheu um povo, o povo de Israel, e fez promessas significativas a ele. A história de Israel, iniciada com Abraão, é central para a compreensão das promessas de Deus, incluindo a ressurreição do último dia.
A História de Israel
De acordo com o relato bíblico, Deus chamou Abraão da terra de Ur dos Caldeus e prometeu que ele seria o pai de uma grande nação (Gênesis 12:1-3). Abraão teve um filho, Isaque, que por sua vez gerou Jacó. Deus mudou o nome de Jacó para Israel, e assim surgiram as doze tribos de Israel (Gênesis 32:28). Essas tribos formaram a nação escolhida por Deus para receber Seus estatutos e leis, conhecidas como a Lei Mosaica ou Torá.
Hebreus e o Fim dos Tempos
A série de estudos sobre a Carta aos Hebreus desvenda os mistérios e a mensagem por trás deste livro bíblico. Explorando a questão escatológica, a autoria e os destinatários, este livro oferece uma nova perspectiva sobre a Carta aos Hebreus, mostrando sua relevância para os cristãos convertidos do judaísmo que viviam na época de sua escrita. (150 págs.)
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Moisés foi encarregado de liderar os israelitas da escravidão no Egito para a Terra Prometida, uma nova terra onde Deus estabeleceria Seu povo. Esta terra, conhecida como Canaã, foi para Israel um novo lar, representando um novo começo. No entanto, o povo de Israel enfrentou 40 anos de provação no deserto antes de finalmente entrar na Terra Prometida (Números 14:33-34).
O Templo e a Terra Prometida
No Novo Testamento, o templo em Jerusalém é descrito como o centro espiritual e o “céu” para o povo de Israel. Dentro do templo, as práticas religiosas e os rituais estavam intimamente ligados às crenças sobre o céu e a terra, e tudo dentro dele remetia céus e terra. A destruição do templo, que ocorreu em 70 d.C., foi um evento crucial na história de Israel. A primeira destruição do templo foi um sinal do juízo de Deus sobre o povo, conforme profetizado em várias passagens do Antigo Testamento (Ezequiel 24:21; Daniel 9:26).
O Antigo Testamento contém várias profecias sobre o “dia do Senhor”, um tempo de julgamento e restauração. Estes textos preveem um juízo final sobre a nação de Israel e a restauração de uma nova ordem. A ideia do “último dia” é frequentemente associada a esse grande dia de julgamento e transformação.
A Ressurreição no Novo Testamento
No Novo Testamento, a ressurreição dos mortos é abordada com uma perspectiva diferente. Em 1 Coríntios 15, Paulo escreve sobre a ressurreição de Cristo e sua importância para a fé cristã. Ele argumenta que, se Cristo não ressuscitou, a fé dos cristãos é inútil e os pecados permanecem (1 Coríntios 15:17). Para Paulo, a ressurreição de Cristo é a garantia de que todos os que estão em Cristo também serão ressuscitados.
Paulo explica que Cristo é “o primeiro fruto” da colheita dos que ressuscitarão e que, assim como todos morreram em Adão, todos os que pertencem a Cristo receberão nova vida (1 Coríntios 15:22). Ele também menciona que a ressurreição tem uma sequência, com Cristo ressuscitando primeiro e depois todos os que são de Cristo ressuscitarão quando Ele voltar (1 Coríntios 15:23).
O Fim e a Nova Criação
No mesmo capítulo, Paulo fala sobre o “fim” (ou “telos”), quando Cristo entregará o reino a Deus, após destruir todos os governantes e autoridades (1 Coríntios 15:24). Este fim refere-se à conclusão de um período específico na história de Israel e à transição para uma nova era.
A Visão Cristã Tradicional
Hoje, muitos cristãos acreditam que o “último dia” e a ressurreição dos mortos se referem a eventos futuros, como o Apocalipse, a grande tribulação e o juízo final. Essa visão é frequentemente descontextualizada, ignorando a história e o contexto bíblico do primeiro século. A interpretação tradicional muitas vezes vê o “último dia” como um tempo futuro, distinto do evento histórico da destruição do templo e da cidade de Jerusalém.
A Ressurreição e a Nova Vida
Para os primeiros cristãos, a ressurreição não era apenas uma esperança futura, mas uma realidade presente na vida de Cristo. A ressurreição de Cristo trouxe uma nova compreensão da vida e da salvação. A nova criação mencionada por Paulo não é uma expectativa de um novo mundo físico, mas uma transformação espiritual e uma nova realidade em Cristo.
Considerações Finais
A ressurreição do último dia, portanto, deve ser entendida à luz de seu contexto histórico e bíblico. O “último dia” mencionado na Bíblia se refere ao período da destruição do templo e ao cumprimento das promessas de Deus para Israel. Para os cristãos de hoje, a ressurreição é uma realidade espiritual que transcende o evento histórico e reflete uma nova criação em Cristo.
O estudo da ressurreição do último dia exige uma compreensão cuidadosa das Escrituras e da história de Israel. Somente através desse entendimento é possível apreciar plenamente o significado e a importância dessa doutrina para a fé cristã.
Referências
- Bíblia Sagrada, Gênesis 12:1-3; 32:28; Números 14:33-34; Ezequiel 24:21; Daniel 9:26.
- 1 Coríntios 15:16-24.
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