O mal é uma realidade que permeia a existência humana e, de acordo com algumas tradições religiosas, está destinado a desaparecer quando Cristo voltar para instaurar um novo mundo de paz e justiça. Contudo, revisando passagens bíblicas e questionando as interpretações tradicionais, encontramos uma nova perspectiva que desafia as visões de destruição da Terra e fim do mal. Neste artigo, pretendo elucidar como essa abordagem desmistifica o conceito de inferno e a crença na extinção do mal, apresentando um entendimento mais profundo e racional sobre a relação entre o mal e a vinda de Cristo.
1. O Mal Como Consequência da Condição Humana
Antes de abordar a questão da vinda de Cristo, é necessário entendermos o conceito de mal e sua origem. No cotidiano, o mal é frequentemente interpretado como uma força externa, algo que transcende a natureza humana. No entanto, sob uma análise mais detalhada, notamos que ele está intimamente ligado às ações humanas e ao comportamento que alimentamos. A condição humana, marcada por desejos e escolhas, conduz naturalmente à prática do mal. Nesse sentido, enquanto houver humanidade, o mal existirá, pois está enraizado na natureza de cada indivíduo.
2. A Eternidade da Terra Segundo Eclesiastes e Salmos
A Bíblia, embora frequentemente citada para justificar crenças em uma destruição da Terra e na extinção do mal, traz em várias passagens uma visão contrária. Em Eclesiastes 1:4, lemos que “uma geração vai e outra geração vem, mas a terra permanece para sempre.” Este versículo sugere que a Terra, longe de ser um lugar temporário, está destinada a abrigar sucessivas gerações de humanos. Igualmente, o Salmo 145:13 reforça essa ideia ao afirmar que “o teu reino é um reino eterno, e o teu domínio dura em todas as gerações.” Assim, essas passagens indicam que o ciclo de vida e morte humana continuará enquanto a Terra existir, e que o mal não é algo que será arrancado da Terra por uma intervenção divina.
O Apocalipse de Pedro, Uma Escatologia Consumada
Céus e Terra se Queimando é um estudo aprofundado da Bíblia, que desvenda os mistérios da Segunda Carta de Pedro, capítulo 3, versos 7 a 13. Ao contrário das interpretações tradicionais que pregam o fim do mundo e a destruição da Terra, esta obra oferece uma nova perspectiva, explorando o contexto histórico e cultural em que a carta foi escrita. Descubra como os eventos descritos por Pedro se relacionam com a destruição de Jerusalém em 70 d.C., e como a "vinda do Senhor" se refere à transição da antiga aliança para a nova era da graça. (134 págs.)
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3. A Ilusão da Destruição da Terra
É comum entre alguns segmentos religiosos a crença de que a Terra será destruída, seja por fogo ou outro agente apocalíptico, quando Cristo retornar. No entanto, essa visão é desmentida por outros versículos. Em Gênesis 9:11, por exemplo, Deus afirma após o dilúvio que “nenhuma criatura será destruída pelas águas do dilúvio e não haverá mais dilúvio para devastar a Terra.” A destruição completa da Terra contradiz essa aliança divina de preservação do planeta e, portanto, sustentar que o mal será aniquilado com a destruição do mundo é, no mínimo, uma leitura falha.
4. O Contexto das Passagens e a Prática do Mal
A reflexão sobre o Salmo 37, especialmente nos versículos 9-11, revela uma outra faceta dessa questão. Esse trecho afirma que “os malfeitores serão desarraigados, mas aqueles que esperam no Senhor herdarão a terra.” Essa passagem, muitas vezes usada para sustentar que o mal desaparecerá, é na verdade uma referência à prosperidade dos justos em contraposição aos ímpios. Como podemos ver desde o primeiro versículo, onde se lê “não te indignes por causa dos malfeitores,” o salmista está falando de uma justiça que acontece no presente, e não de uma promessa de erradicação futura do mal. Aqui, o autor reitera que o mal é parte da condição humana e, enquanto houver humanidade, haverá também iniquidade e sofrimento.
5. A Fé e a Revelação na Perspectiva da Eternidade
Em um mundo em que o mal parece constante e a luta contra ele parece sem fim, a fé ganha um novo papel. Em contraste com uma fé cega, proponho aqui uma fé racional, uma fé que questiona e compreende, que permite ao ser humano viver em paz mesmo diante da inevitabilidade do mal. Essa fé não se prende a tradições ou medos infundados, mas confia naquilo que está claramente escrito, liberando-nos do sistema religioso que, por séculos, prendeu gerações em medo e culpa. Tal fé nos convida a sermos protagonistas de nossa vida, conduzindo-a de maneira consciente e alinhada com uma verdade que transcende as interpretações limitadas e dogmáticas.
6. Reflexão Final: A Vida e o Mal Como Parte do Eterno Ciclo de Gerações
A Terra, como uma criação divina, foi feita para perdurar. E, como visto, a Bíblia confirma que gerações de seres humanos continuarão habitando-a, de acordo com o plano eterno de Deus. A crença de que o mal será exterminado junto com a Terra perde consistência diante dos textos bíblicos analisados. Em vez disso, somos chamados a reconhecer que o mal, em última instância, é reflexo da condição humana e que nossa tarefa não é esperar pela erradicação do mal, mas buscar uma vida em harmonia, guiada por uma fé esclarecida e racional.
Este entendimento nos traz a paz e a paciência necessárias para lidar com as questões da existência sem apego a medos ou ameaças de punição. Afinal, como disse o sábio, “uma geração vai e outra geração vem, mas a Terra permanece para sempre.” Portanto, é responsabilidade de cada indivíduo e de cada geração encarar o mal como uma realidade a ser compreendida e, dentro das possibilidades, mitigada através da bondade, da justiça e da fé esclarecida.
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