Introdução
O estudo das profecias bíblicas tem sido objeto de intensos debates teológicos ao longo dos séculos. No entanto, ao analisar a maneira como as profecias são interpretadas pela tradição cristã, observa-se uma discrepância significativa entre a abordagem das Escrituras do Antigo e do Novo Testamento. Esta disparidade destaca um problema hermenêutico que coloca em xeque a consistência teológica de muitas tradições cristãs contemporâneas. Defendendo a perspectiva do preterismo completo, este artigo busca explorar e criticar essa dualidade interpretativa, abordando como a tradição judaica, que é a raiz dessas Escrituras, foi substituída por uma abordagem seletiva e distorcida.
Entendendo o Preterismo Completo
O preterismo completo é uma interpretação das profecias bíblicas que sustenta que todos os eventos proféticos, incluindo a segunda vinda de Cristo, já ocorreram no primeiro século, culminando com a destruição de Jerusalém em 70 d.C. Essa abordagem contrasta fortemente com a visão futurista dominante, que projeta esses eventos para um tempo ainda não realizado. No preterismo completo, as profecias são vistas como cumpridas no contexto histórico da geração de Jesus, o que é consistente com a tradição judaica de interpretar as Escrituras dentro de seu próprio tempo e contexto.
A Dualidade de Interpretação Cristã
Antigo Testamento: Metáforas e Linguagem Poética
Na tradição cristã, as profecias do Antigo Testamento são frequentemente interpretadas de maneira metafórica ou simbólica. Termos como “o sol se escurecerá” ou “a lua não dará sua luz” (Isaías 13) são tratados como figuras de linguagem que se referem a julgamentos históricos ou mudanças significativas nas estruturas sociais e políticas. Essa abordagem é amplamente aceita e quase incontestável dentro do estudo acadêmico e teológico.
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Novo Testamento: Uma Abordagem Literalista
Contraditoriamente, ao chegar ao Novo Testamento, muitos cristãos adotam uma interpretação literal dessas mesmas imagens apocalípticas. Quando Jesus, em Mateus 24, utiliza uma linguagem semelhante para descrever eventos futuros, a tradição cristã geralmente entende essas palavras como uma previsão de um fim do mundo literal e cósmico. Essa mudança abrupta de método interpretativo reflete uma incoerência teológica que precisa ser abordada.
A Tradição Judaica e a Consistência Interpretativa
Na tradição judaica, as Escrituras são compreendidas em seu contexto histórico e cultural. Os profetas do Antigo Testamento não estavam preocupados com um apocalipse cósmico distante, mas sim com eventos iminentes que afetariam diretamente o povo de Israel e suas nações vizinhas. Esse entendimento contextual das profecias é central para a hermenêutica judaica, que evita leituras descontextualizadas e anacrônicas.
Por outro lado, a tradição cristã, particularmente a partir de sua influência helenística e agostiniana, começou a reinterpretar as Escrituras hebraicas de maneira que se distanciava de suas raízes originais. Essa abordagem frequentemente leva a uma desconexão entre o Antigo e o Novo Testamento, onde os mesmos símbolos e metáforas são arbitrariamente reavaliados para se adequarem às doutrinas cristãs emergentes.
A Crítica à Tradição Cristã: Dois Pesos e Duas Medidas
A prática de aplicar uma abordagem metafórica ao Antigo Testamento enquanto mantém uma interpretação literal para o Novo Testamento cria um problema de dois pesos e duas medidas. Essa incoerência interpretativa não só enfraquece a credibilidade teológica do cristianismo tradicional, mas também contraria a própria lógica interna das Escrituras, que devem ser compreendidas como uma unidade coesa.
O preterismo completo oferece uma alternativa que busca reconciliar essas inconsistências. Ele propõe que a mensagem de Jesus e as profecias apostólicas foram destinadas a ser cumpridas dentro do contexto histórico de sua época, em consonância com as expectativas judaicas. Assim, o preterismo honra as raízes judaicas das Escrituras, mantendo a integridade interpretativa do texto sagrado.
Conclusão
Ao analisar criticamente a tradição cristã e seu tratamento inconsistente das profecias bíblicas, o preterismo completo surge como uma abordagem mais coerente e historicamente fundamentada. Ele respeita as raízes judaicas das Escrituras, utilizando um método hermenêutico que é fiel ao contexto original tanto do Antigo quanto do Novo Testamento. Ao invés de dividir arbitrariamente as Escrituras em partes literais e metafóricas, o preterismo completo propõe uma leitura unificada e contextualizada, que busca compreender as profecias como eventos já cumpridos no passado, restabelecendo a conexão entre as promessas feitas aos judeus e sua realização histórica.